quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Amar os Inimigos


Amar os Inimigos


"Amai os vossos inimigos, fazei o bem àqueles que vos odeiam e orai por aqueles que vos perseguem e caluniam". (O Evangelho segundo O Espiritismo-Capítulo VII).

Afinal de contas, por que consideramos alguém como nosso inimigo? Qual o papel que ele desempenha em nossas vidas? Por que não conseguimos amar certas pessoas ou pelo menos tolerá-las?  Pela nossa vivência espiritual, podemos inferir que o inimigo de hoje é aquele que ontem prejudicamos e amá-lo pode significar tentar buscar uma postura diferente em relação a ele. É tentar compreendê-lo e ter por ele tolerância. Mesmo quando, de alguma forma, somos atingidos pelos atos prejudiciais deles.
O evangelho nos fala que é muito diferente o amor que dedicamos a um amigo, já que este amor é todo ternura e confiança, e, com nossos inimigos, não podemos ter a mesma confiança e apreço que temos para com os amigos. O Evangelho assim nos fala: "Não pretendeu Jesus, assim falando, que cada um de nós tenha com seu inimigo a ternura que dispensa a um irmão ou amigo, pois esta pressupõe confiança. Ora, ninguém pode depositar confiança em uma pessoa sabendo que esta lhe quer mal, ninguém pode ter expansões de amizade sabendo que ela é capaz de abusar dessa situação".
Pela reencarnação temos a oportunidade de nos ajustar à lei divina e aprender a ter para com o semelhante o respeito e amor que queremos para nós. Através dela, Deus nos mostra que sempre encontraremos uma porta aberta para corrigir o rumo de nossa caminhada e aprender a conviver adequadamente com aqueles a quem prejudicamos no passado. O inimigo que nos aparece do nada, aquela pessoa com a qual não conseguimos estabelecer nenhum laço de simpatia, está relacionada com nossos enganos passados.  Antes de reencarnarmos,  nós mesmos podemos ter pedido a oportunidade de nos reconciliarmos com ela.
Jesus já nos advertia: "Reconciliai-vos com vosso inimigo enquanto estás com ele no caminho". É preciso que tenhamos coragem de romper nossas limitações, de domar nosso orgulho e nosso ego exagerado. Se não nos reconciliarmos o quanto antes com nossos desafetos, não conseguiremos nunca usufruir a paz e a fraternidade verdadeiras. O ódio deixa a pessoa estagnada e escravizada àquele de quem não gosta.
Somos seres sujeitos às instabilidades do ego e embora aspiremos melhorar moralmente, temos ainda uma forte ligação com o nosso lado inferior. Refletindo sobre o ódio, vemos que ele está relacionado às nossas imperfeições, ao nosso egoísmo e orgulho extremos. Quando nos libertarmos disso tudo, com o pensamento direcionado ao bem e ao amor, com certeza, nos sentiremos mais fortalecidos e prontos a praticar a máxima ensinada pelo Cristo, quando nos exortou ao perdão e ao esquecimento das ofensas.
Fomos criados para a felicidade, apesar de vivenciá-la de uma forma relativa no mundo conturbado em que vivemos. Mas, para encontrá-la, é preciso que nossa consciência esteja tranquila, em paz com tudo o que nos é destinado. À medida que avançamos em nosso crescimento espiritual mais nos sentimos cobrados por ela, que não nos deixa viver em paz enquanto não resolvermos a situação originada pelos atos infelizes que praticamos contra nossos desafetos. Ninguém consegue fugir da própria consciência, e, quando entendermos isso, compreenderemos que, mesmo não amando ainda os inimigos como o Cristo nos exortou a amá-los, não podemos deixar que em nosso coração se abrigue sentimentos de ódio e aversão em relação a eles.
Somos guiados por leis divinas perfeitas e não podemos julgar o comportamento de ninguém. Precisamos é nos conscientizar de nossos atos, para que enxerguemos os defeitos que nos recusamos a ver em nós e que, muitas vezes, tentamos encontrar no semelhante. É preciso entender que somos seres únicos e que temos nossas próprias conquistas e lutas e que necessitamos desenvolver e manter a capacidade de perdoar para que lancemos em nosso ser as sementes que brotarão como amor e compaixão pelo próximo. Quem não consegue perdoar, não pode amar. Para termos condição de perdoar a quem nos fez mal é preciso à capacidade de compreender que todos nós possuímos latente o gérmen do bem.
Quando passamos por uma grande adversidade é que nos tornamos conscientes de quão pequeno somos por abrigarmos ainda sentimentos tão contrários ao amor. Quando compreendermos que a vida material é tão efêmera, é que vamos começar a entender o ensinamento do Cristo, que nos ensina a amar ao próximo como a nós mesmos. No fundo, somos todos iguais e almejamos o melhor. E o melhor para mim tem que ser o melhor para o outro. O amor é a força capaz de modificar nossas vidas e pode transformar um inimigo em um amigo. Só nos libertaremos do ciclo do ódio com sentimentos contrários a ele. Os sentimentos libertadores do perdão e do amor, por sua própria natureza, conseguem a força redentora de transformar tudo.
O mal só existe devido à ignorância que ainda habita em nosso ser. A partir do momento em que começamos a nos inteirar da verdade, a nossa compreensão sobre a vida se dilata e começamos a abrigar em nós sentimentos de compaixão e caridade para com todos indistintamente. Quando formos Espíritos iluminados pelo conhecimento das verdades divinas compreenderemos que o amor vibra num sentido único, o que significa que amar a si mesmo e ao próximo é o mesmo que amar a Deus. Afinal de contas tudo se resume numa palavra só: AMOR.

Texto extraído do site "Somos Todos Um", autor: "Guilhermina Batista Cruz"

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