domingo, 12 de junho de 2016

SIMPLICIDADE E PUREZA DE CORAÇÃO - Tribuna espírita

SIMPLICIDADE E PUREZA DE CORAÇÃO
 Os Essênios


“Bem-aventurados os que têm puro o coração, porquanto verão a Deus.” (Mateus, cap. V, vv8)



Diante da compreensão da humanidade, a pureza de coração abarca não só a condição humana dos verdadeiros seguidores do Cristo através de demonstrações e práticas exteriores, mas de uma vivência que nasce de dentro para fora, sobre as Leis Divinas.

Só conseguimos vivenciar algo se entendemos bem o que seja. Tanto O Livro dos Espíritos (itens 101, 107 e 113) quanto o livro A Gênese (cap. I, item 9) trazem a mesma reflexão a cerca do assunto: 101 – Os Espíritos Imperfeitos “Têm a intuição de Deus, mas não o compreendem.”; 107 – Os Bons Espíritos “Compreendem a Deus e o infinito…”; 113 – Os Espíritos Puros “São os mensageiros e ministros de Deus, cujas ordens executam para a manutenção da harmonia universal.” Já no Livro A Gênese em seu Cap. I, item 9, sobre as revelações diretas de Deus para os homens, temos: “… os Espíritos, os mais próximos de Deus pela perfeição, se penetram de seu pensamento e podem transmiti-lo.”

Então a questão de ver a Deus é mais complexa do que pode parecer e usando as palavras de Kardec no mesmo item 9: “Isso não é radicalmente impossível, mas nada nos dá a sua prova certa.” Da mesma maneira com relação a passagem de Marcos, cap. X, v de 13 a 16, reproduzida no cap. VIII, item 2 de O Evangelho Segundo o Espiritismo que fala sobre a necessidade de se assemelhar as crianças para se obter o Reino dos Céus. Entendemos que não é a semelhança física que Marcos aborda neste momento, mas os desavisados podem pensar que sim.

Mais uma passagem que foi mal interpretada no passar dos tempos. “Deixai vir a mim as criancinhas e não as impeçais, porquanto o reino dos céus é para os que se lhes assemelham.” A evolução da criatura humana é uma marcha ascencisional e ninguém tente impedir porque não irá conseguir. O máximo que conseguirá é retardar os passos, mas não impedir. O que Jesus faz é nos comparar as crianças: A pureza e a ingenuidade que elas representam, da mesma forma que o ser humano que não concebe a ideia da Divindade e por isso não é capaz de compreender; a necessidade de cuidados e de orientação que uma criança possui, da mesma forma que precisamos de cuidados e de orientação, pois nem sempre a nossa própria experiência será a melhor conselheira; a fragilidade física da criança provoca compaixão, a nossa inocência e ignorância também provocam a compaixão e a orientação dos mais experientes.

“… aquele que não receber o Reino de deus como uma criança, nele não entrará.” Receber o Reino de Deus é receber o Reino de Justiça, de Amor e de Caridade. Então, enquanto não estivermos impregnados destas três verdades, não podemos fazer parte dele. E impregnados de que forma? Fazendo, agindo, executando e amando. A criatura humana aos poucos vai se desvencilhando de séculos de roupagem inadequada para o banquete celestial. Até o ponto em que sejamos dignos de vestirmos as vestes nupciais para o festim de bodas.

Quem pensa bem, age bem. Mas quantos de nós queremos empurrar para baixo do tapete quem somos para não ter que corrigir atos errados? Ainda estando na consciência de sono, agimos como crianças, fingindo sermos personagens que não somos, detentores de poderes que não possuímos para enfrentarmos situações que não queremos. Às vezes a criatura não se sente forte o suficiente para olhar-se no espelho e ver quem realmente é. Não é que a pessoa esconda dos outros, ela esconde de si mesma quem é para não ter que mudar. Em alguns desses casos são verdades duras, trazidas de outras encarnações com desdobramentos nesta; outras decorrem de situações vividas nesta, mas que causam traumas tão profundos que a criatura prefere assumir outra personalidade, mentindo para si própria a remexer e resolver tal problemática.

Precisamos ser honestos conosco mesmo em primeiro lugar. O pensamento, por exemplo. Precisamos domar este corcel arredio e selvagem, em alguns momentos, para que ele não seja instrumento de nossa desdita. Se não conseguirmos refrear determinados pensamentos, que pelo menos não o coloquemos em prática. Já há aí uma diferença de comportamento. Se pensarmos e não executarmos, porque outros não deixaram, precisamos nos esforçar mais por mudar. Se determinados pensamentos já não fazem parte de nossas vidas, podemos dizer que já progredimos no rumo da mudança moral.

Aqueles que já avançaram em idade e em tempo de espiritismo, não podemos jamais nos acomodar acreditando que sabemos tudo. Uma palavra nova, uma maneira diferente de analisarmos uma questão de O Livro dos Espíritos, uma experiência pela qual passamos e que nos permite enxergar de forma diferente determinadas passagens de O Evangelho Segundo o Espiritismo. São todas formas de nos enriquecermos espiritualmente, trabalhando o homem velho e permitindo que o homem novo apareça. É como a larva que chega a ser borboleta. Precisamos fazer o mesmo trabalho de introspecção, nos voltando para nós mesmos, trabalhando silenciosa e arduamente voltados para nós mesmos para que quando retirarmos a casca exterior possamos rumar para cima usando das nossas próprias asas felizes pelo progresso alcançado. Asas libertadoras estas que são o conhecimento e a moralidade.

Tribuna Espírita – Novembro/Dezembro – 2014

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