sábado, 9 de julho de 2016

Não Julgueis para não Serdes Julgados

Não Julgueis para não Serdes Julgados

Sérgio Biagi Gregório  
SUMÁRIO: 1. Introdução. 2. Conceito. 3. A Citação Bíblica. 4. O Problema do Julgamento: 4.1. Limitação em Relação ao Conhecimento Espiritual; 4.2. Sobre a Interpretação da Realidade; 4.3. A Percepção da Verdade. 5. Supressão do Eu: 5.1. O Eu; 5.2. O Não-Eu; 5.3. O Olhar de Cristo. 6. Purificando o Julgamento: 6.1. Quem Estiver sem Pecado, Atire a Primeira Pedra; 6.2. Busquemos o Melhor; 6.3. Da Estagnação à Vida Plena. 7. Conclusão. 8. Bibliografia Consultada.
1. INTRODUÇÃO
O objetivo deste estudo é refletir sobre os nossos julgamentos. Há possibilidade de suprimi-los? Isso ajudaria na conquista de uma vida mais plena e mais centrada em nossa evolução espiritual?
2. CONCEITO
Julgar. Formar opinião, conceito a respeito de si mesmo, das pessoas e das coisas. Diz-se do exame de Deus a ações dos homens, recompensando-os ou punindo-os: Deus, no fim do Mundo, julgará vivos e mortos.
Julgamento. Ação ou efeito de julgar por parte de juiz ou juízes. Decisão em matéria cível, criminal ou administrativa. A fé no julgamento de Deus é um dado fundamental, que jamais se põe em dúvida.
3. A CITAÇÃO BÍBLICA
Continuação do Sermão da Montanha: Ninguém Pode Julgar
1. "Não julguem, e vocês não serão julgados.
2. De fato, vocês serão julgados com o mesmo julgamento com que vocês julgarem, e serão medidos com a mesma medida com que vocês medirem.
3. Por que você fica olhando o cisco no olho do seu irmão, e não presta atenção à trave que está no seu próprio olho?
4. Ou, como você se atreve a dizer ao irmão: 'deixe-me tirar o cisco do seu olho', quando você mesmo tem uma trave no seu?
5. Hipócrita, tire primeiro a trave do seu próprio olho, e então você enxergará bem para tirar o cisco do olho do seu irmão." (Mateus, 7, 1 a 5)
4. O PROBLEMA DO JULGAMENTO
4.1. LIMITAÇÃO EM RELAÇÃO AO CONHECIMENTO ESPIRITUAL
O Planeta Terra não é um dos orbes mais desenvolvidos do Universo. Segundo instruções dos Espíritos superiores, estamos inseridos num mundo de expiações e provas em que o mal ainda predomina sobre o bem. Sendo nossa evolução espiritual bastante rudimentar, temos mais dificuldades de penetrar no âmago dos conhecimentos superiores. Essa limitação faz-nos julgar indevidamente, propiciando-nos os diversos erros de interpretação da realidade.
4.2. SOBRE A INTERPRETAÇÃO DA REALIDADE
Estamos acostumados, desde a época de Aristóteles, a pensar de forma dicotômica: certo/errado, justo/injusto, preto/branco etc. Esta visão de mundo condicionou-nos a raciocinar pelos extremos. Há dificuldade de vermos que o inimigo não é necessariamente inimigo e o amigo não é exclusivamente amigo. Há momentos em que cada um deles age como se fosse o oposto. Por isso, a necessidade de pensarmos globalmente, ou seja, além dos rótulos corriqueiros. Observe o remédio: os de sabor amargo podem curar mais rapidamente uma doença.
4.3. A PERCEPÇÃO DA VERDADE
O conhecimento é definido como uma relação entre o sujeito e o objeto. Inicialmente, o sujeito capta o objeto. Se a imagem captada coincidir com a do objeto, podemos dizer que o sujeito está de posse da verdade; se não coincidir, que está em erro. A lenda dos setes sábios cegos, onde seis apalpam um elefante, ilustra bem a diversidade de percepção com relação ao mesmo objeto. Foi preciso que se descrevesse o objeto inteiro para que percebessem a verdade total.
5. SUPRESSÃO DO EU
5.1. O EU
O endeusamento do eu mostra o egoísmo, o egocentrismo que humanidade vem alimentando desde longo tempo. Buda, na sua época, já nos alertava sobre essa postura humana e nos exortava a deixar a ilusão do mundo para que pudéssemos penetrar no Nirvana. A defesa do eu comprova o quanto ainda estamos distantes do verdadeiro julgamento, porque, em primeiro lugar, está o nosso interesse e não o interesse do outro, da maioria. Não é sem razão que os Espíritos superiores afirmam ser o egoísmo a principal chaga da sociedade, e sobre o qual todo o ser humano deveria apontar as suas armas.
5.2. O NÃO-EU
O não-eu é o esforço que fazemos para suprimir o nosso julgamento. Descartemos, assim, a pequenez de nossa individualidade. Se conseguíssemos expandir a nossa percepção para além do sensível, para além do dia-a-dia, para além da técnica e do conceitual, teríamos melhorado sensivelmente o nosso julgamento. Por que sempre estamos com a verdade e o outro em erro? Há bilhões de seres pensantes sobre a Terra e só nós temos razão. Não há um viés do pensamento?
5.3. O OLHAR DE CRISTO
Há possibilidade de, em cada ação, perguntarmos sobre a atitude de Cristo em tal circunstância? Uma pessoa nos ofende brutalmente. Como Cristo reagiria? Ao pararmos o nosso veiculo num farol, somos assaltados. Como Cristo reagiria? Uma pessoa nos destrata publicamente. Como Cristo reagiria?
6. PURIFICANDO O JULGAMENTO
6.1. QUEM ESTIVER SEM PECADO, ATIRE A PRIMEIRA PEDRA
É a passagem do Evangelho em que os escribas e os fariseus levam até Jesus uma mulher que fora pega em adultério. Segundo a lei de Moisés, ela devia ser apedrejada. Jesus, porém, disse: "Aquele dentre vós que estiver sem pecado atire-lhe a primeira pedra. E tornando a abaixar-se, escrevia na terra. Mas eles, ouvindo-o, foram saindo um a um, sendo os mais velhos os primeiros. E ficou só Jesus com a mulher, que estava no meio, em pé. Então, erguendo-se, Jesus lhe disse: Mulher, onde estão os que te acusavam? Ninguém te condenou? Respondeu ela: Ninguém, Senhor. Então Jesus lhe disse: Nem eu tampouco te condenarei; vai, e não peques mais". (João, VIII: 3-11). É o principio da indulgência, em que não devemos condenar nos outros o que nos desculpamos em nós. (Kardec, 1984, cap. 10, p. 135)
6.2. BUSQUEMOS O MELHOR
O Espírito Emmanuel, comentando a passagem "Por que reparas o argueiro no olho de teu irmão?", diz-nos que devemos habituar a visão na procura do melhor, a fim de que não sejamos ludibriados pela malícia que nos é própria: buscando bagatelas, perdemos o ensejo de grandes realizações. Acrescenta: "Colaboradores valiosos e respeitáveis são relegados à margem por nossa irreflexão, em muitas circunstâncias simplesmente porque são portadores de leves defeitos ou de sombras insignificantes do pretérito, que o movimento em serviço poderia sanar ou dissipar". (Xavier, s.d.p., cap. 113)
6.3. DA ESTAGNAÇÃO À VIDA PLENA
Diz-se que todos os que foram condenados à estagnação foram mal amados. Observe algumas frases que repetimos insistentemente: "Não suporto aquele sujeito"; "Com aquele nada feito"; "No ponto em que ele já está"; "Ninguém conseguiu nada dele"; "É inútil perder tempo"; "Já tentei tudo". Todos esses julgamentos podem ser modificados. Poderíamos pensar no poder infinito de Deus, dizendo: "A Deus tudo é possível". Se cada um procurasse ajudar espontaneamente o seu próximo, não ficaria pensando que este não tem mais cura, o outro, que se chafurdou no vício, não pode mais voltar à vida sadia. Há um poder superior que excede a nossa interpretação parcial dos fatos. Lembremo-nos de que amar os outros é chamá-los a vida.
7. CONCLUSÃO
Suprimamos o julgamento apressado das pessoas e das coisas. Talvez tenhamos tentado todos os sistemas e todos os métodos. Que tal verificarmos, também, se amamos gratuitamente o nosso próximo, sem esperarmos qualquer tipo de recompensa?
8. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
KARDEC, A. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 39. ed. São Paulo: IDE, 1984.
XAVIER, F. C. Fonte Viva, pelo Espírito Emmanuel. Rio de Janeiro: FEB, [s.d.p.]

São Paulo, janeiro de 2010.

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